sábado, 10 de maio de 2008

Imagética entrópica ou esboço de uma poés-práxis dos simulacros

A vontade de verdade não é a imagem correta do pensamento.
(quem sabe, poderemos falar que a Fé é uma força do Nada)...




Múltiplo agrupamento de gerações de estrelas.



(Pensemos como a possibilidade da visão das estrelas que já morreram, ou a nebulosa, espírito remanescente da energia estelar para a transformação em outra, qual uma explosão instantânea, supernova: a imagem e o pensamento sobre ela, a imagética entrópica, desdobramento de formas e mais formas, intensidades de vidas, modos vidas).


"se tratando de ilusões, devemos tomar um extremo cuidado em escolher a certa"

Praticante anônimo de alguma religião

- A verdade, ou a perfeição, não é um estado da forma, não é um juízo sobre a mesma. É, no entanto, uma prática - qual a prática de algum deus. É uma prática em um duplo sentido: não só o da pragmática da prática, de toda a razão que pode se abstrair da forma da vida, de todos os mecanismos e modos de agir a forma que a natureza inventa. Mas há um outro sentido, a reverberação ou extensão do primeiro ou mesmo a sua desvirtualização e designificação, que poderá se revelar num estudo fenomenológico dos acontecimentos do natural: o da irrazão, a loucura, o erro, a ilusão, enfim, a "fonte" da constituição semântica do que poderia ser considerado o "conceito da imperfeição" das regras da natureza ou da própria natureza - alguma intenção? - de deus. Esse sentido, que brota sempre esquivo e nunca furtuito, fugidio e presente, quase imeperceptível ou inconcebível, constância perturbadora da irregularidade das velocidades, a volição beirando o impossível de sua constituição e permanência - uma singular e monstruosa natureza do homem -, é a intensificação (sem fundo da potência) da vivência do primeiro. A vivência do sentido é a experiência como re-atividade esquizo das forças. A incompreensão do todo no instante (a idade dos acontecimentos, sua duração, o que a metafísica ocidental tentou tratar), do ACONTECIMENTO como uma razão primeira e oculta das coisas, é devido a simultaneidade da apreenssão desse todo e de sua mudança radical enquanto uma undiade. Mas é também como podemos entrever e fortalecer uma conduta ou uma educação para a prática das coisas, a sabedoria prática ou ética do ser. É o sentido como numa percepção alterada, um delírio do juízo, no qual este não se depara com o objeto, mas apenas com as forças que o constituem e constituem, consequentemente, o todo. Na desistência da forma, há a mistura com um cuidado para notar está noção da potência na ativação formal. A descoberta desta dinâmica sútil, mas violenta, que FAZ a potência da diferença, interina ao acontecimento, este pertencente a potência da repetição, e onde a perdição da identidade com o todo, neste momento - o qual não poderia ser considerado momento, pois aqui o tempo é puro nascimento, qual uma fé -, o sem-sentido se estabelece como o grau zero de toda escrita, a escrita de uma potência na vida: uma potência do nada, tal a o sentido de deus como imagem criadora e ao mesmo tempo, função própria do simulacro como fundadador do que nos desperta à vida. Nesta quase inexistência como indivíduo homem, contemplação e atividade, o espírito aqui não é uma imagem como fragmento do tempo, mas um instante como o tempo idêntico ao fluxo de energia: tal o pensamento.


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"a perfeição que (Ele) busca está no modo como as pessoas re-agem".

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Proto-escuta por:
Grizzly Bear - On a neck on a spit / Reprise

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A Viagem de Bicicleta de Hoffman Através dos Carros Astrais Brancos


canção por silencio e texto por geemvso@gmail.com...

o trânsito é o signo (ígneo) e o acontecimento mesmo de uma lógica sistemática (ou poder sobre a lógica, sobre o próprio movimento, o lógos) desde a modernidade.
é o signo pelo processo de re-significação intenso que o trânsito demanda... todas suas diretrizes e lógicas (racionalizações) para sua estruturação e funcionamento.
é o acontecimento pela mesma idéia que faz dele, o trânsito, uma ação e um conceito central para um mundo em extrema expansão e complexidade... O trânsito, ou poderíamos dizer, o movimento sistêmico, um sistema de trânsito, passível de ser controlado e desenvolvido simultaneamente, permitindo tal agenciamento dos fluxos, é o motor da sociedade - de suas trocas, de seus seviços, se deus poderes e instituições.

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Tratando-se de sistemas, o trânsito poderia se atribuir a alguns diferentes sistemas, que funcionam sob um mesmo padrão - a lógica e o agenciamento de seus fluxos (percurso e destinação): o dos veículos motorizados e não motorizados (ruas, vias expressas, incluindo as calçadas e passagens para pedestres); o de saneamento básico e abastecimento (incluindo esgotos e encanamentos); o de transações virtuais e materiais, dos valores (cabe aqui dizer a própria economia); o própriamente virtual e imagético, o da informação (gerando aqui o que se tornou a internet).

...
imaginemos, então, esta lógica e o conceito implícito de sistema que podemos tratar como um poder além da potência, um poder que cerceia a potência de movimento e locomoção (do nível material ao ideal):

permanência - o controle de fluxos, geometricamente falando, o controle do giro dos motores pela velocidade, o semáforo, na alucinação das suas cores, os instantes de parar e se movimentar, as faixas determinando os espaços para carros e pedestres, os sinais de direção comandando para onde e como andar.
gerência e gestão - cabe aqui a previsão também. estamos tratando de estabelecer os caminhos previamente de nossa locomoção, gerindo e gestando a "entia", os entes que se movem, o movente do movimento, caogulando o próprio devir deste, obliterando sua potência... (imaginemos que se fosse um deserto, ou o mar, as direções possíveis dariam uma imaginação e memória de devires incontidos num espaço 'embarrocado'... uma realidade de cerceios e limites, que conota a abstração barroca de nossos devires...)
tensão/desatenção e vontade de aceleração - as velocidades cambiantes e, principalmente, o lento ritmo atual do trânsito nas grandes cidades, em contraste com pela capacidade do veículo em ir mais rápido cria uma discrepância sutil, gerando uma espécie de distúrbio emocional, uma estimulação para intolerância, contravenção e ao acidente...
desrespeito a outro tipo de locomoção - o sistema de trânsito, atualmente, é um parcial de toda a potencialidade que se tem de locomoção hoje em dia. Ele serve apenas e geralmente para poucos tipos. E se levarmos a cabo o contexto da paisagem urbana com afinco, poderemos notar a violência com que se relaciona o trânsito e as partes que compõem a cidade... desde o barulho, os sinais e propagandas, a poluição, os desvios de contemplação e percepção, a perturbação constante com a atenção paga para todo esse desrespeito com o risco, não menos constante, de morte...
a propriedade e a subjetivação pelo objeto móvel - a determinação de uma personalidade e atitude pelo tipo de carro com o qual se transita, o risco e o medo da perca de identidade pela perda do automóvel (o próprio nome já diz, uma mobilidade automata, só é preciso deprender cuidados regulares para seu uso), a pseudo-idolatria do objeto nos assujeita a tal forma de locomoção, que se relaciona diretamente com nossa potência - a vontade de percorrer caminhos, lonjuras, velocidades, a potência errante, da viagem... ela é pega bem aqui... no carro e no controle de trânsito...
Cabe a nós pensar, paulatinamente, que tipos de subjetivação esses sistemas de trânsito constituem.Vale lembrar que, a medida que esses sistemas mudam, a nossa vida cotidiana muda drasticamente com eles.Não só pela aquisição e desenvolvimento de faculdades psíquicas e certos conhecimentos práticos (calcular o tempo de viagem, como qual direção tomar, como chegar no destino, etc), mas pela própria determinação subjetiva a qual o sistema impõe - eu desejo aonde e o que vou fazer dependendo de como chego lá, de quanto tempo eu levo para chegar, qual e o que vou fazer em cada lugar e comparar os tipos e as opções de transporte envolvidas, etc. Enfim, a - qualidade e quantidade de - locomoção é um dos centros do nosso raciocínio e do poder decisivo de nossas ações. Mais do que uma uma influência psicológica e física, a potência de locomoção e os sistemas que a determinam socialmente incunbem de implantar em nós pensamentos políticos e morais, sendo a determinação dos sistemas, na maioria dos casos, deciões políticas e morais aquém da nossa realidade e necessidade de locomoção.
...voltado a isso, e ao aumento do consumo e o desperdício de matéria, não só de automóveis, como o de água, alimentos, enfim, tudo esse panorama converge a um fechamento do espaço virtual, da possibilidade em detrimento de uma megalomania e esvaziamento da potência, a uma saturação anuladora. Isso se assemelha a um perfeito modelo ou método de agenciamento não só do fluxo, mas da loucura e possibilidades que ele gera... o trânsito, numa paródia infeliz, é uma loucura da "má consciência"...
É tudo tão explícito e cravado no território, que talvez seja melhor não noticiar.
(nem toda lógica envolve um sistema, mas todo envolvimento lógico gera um acontecimento... encadeado por outras razões ou não...)